02/05/2010
Merenda escolar com cardápio de alimentos locais
Organizar a produção de diversas famílias de agricultores de Osório, Maquiné e Terra de Areia para que as refeições de todas as escolas da região sejam preparadas com alimentos locais. Essa foi a pauta de destaque nas reuniões que a ONG ANAMA fez com prefeitos, secretários de agricultura e de educação dos três municípios durante a segunda quinzena de abril.
Integrantes das equipes técnicas dos projetos Agroecologia e qualidade de vida, patrocinado pelo Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania e do Agroculturas, financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), apresentaram os trabalhos que serão desenvolvidos nos próximos dois anos e explicaram sobre o levantamento que já estão fazendo da produção agrícola familiar e da demanda de alimentos das escolas.
A ANAMA quer aproximar aqueles que possuem um excedente da produção para o autoconsumo, que costuma ser bastante diversificada, das unidades escolares. Isso porque, no caso de municípios pequenos, as quantidades compradas pelas redes municipais de ensino ainda são pequenas (pensando nos 30% de obrigatoriedade de compra da agricultura familiar cobrados pela lei 11.947/2009), o que, para os agricultores que já possuem uma inserção no coméricio, pode não parecer atrativo.
"A perspectiva é de iniciar um processo que tem todo o potencial para se consolidar e se expandir, fomentando a manutenção de produções diversificadas pelas famílias e organizando essa produção para que, em alguns anos, 100% dos cardápios escolares sejam abastecidos pela agricultura da região", explica Mariana Ramos.
Como desenhado hoje, na lei 11.947/2009 e na resolução n.38/2009 do FNDE, o Programa Nacional de Alimentação Escolar objetiva consolidar alternativas de renda e de desenvolvimento sustentável em todo o meio rural produtor de alimentos no Brasil.
"É uma perspectiva de venda garantida que pode incentivar a permanência e o empreendimento no meio rural por parte de jovens, mulheres e homens, priorizando manejos agroecológicos", disse Luciano Gutterres.
"Toda a comunidade escolar também sai ganhando com a compra de alimentos frescos, variados e de origem conhecida, muitas vezes colhidos no dia anterior das entregas. Com isso, as crianças também estão conhecendo e saboreando os alimentos de sua cultura e aprendendo a construir hábitos alimentares saudáveis", acrescenta Mariana.
Dificuldades
Agricultores/as que ainda não estão organizados em associações ou cooperativas muitas vezes não possuem um veículo para o transporte dos alimentos até as escolas. Em alguns contextos, os pontos de entrega (as escolas) ficam distantes e o custo de deslocamento, contrastado com as pequenas quantidades adquiridas, pode acabar tornando a venda inviável para o agricultor.
"Há municípios em Santa Catarina onde os agricultores trazem os alimentos até um ponto central disponibilizado pela Prefeitura e de lá são distribuídos pelas Secretarias de Agricultura e de Educação, o que vem dando certo", informa Mariana.
Editado por Coletivo Catarse
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